secretariado@spzn.pt https://www.spzn.pt/uploads/seo/big_1714128161_9668_big_1711985899_8530_spzn_logo_new.png

Resultados da Consulta Nacional refletem descontentamento com políticas educativas


3 Novembro 2022

Destaques

Resultados da Consulta Nacional refletem descontentamento com políticas educativas

No dia seguinte à Greve de Professores, a FNE apresentou em Conferência de Imprensa, os resultados da Consulta Nacional que desenvolveu online no início deste ano letivo, mais precisamente entre 14 e 21 de outubro – um mês precisamente depois do recomeço das atividades letivas - para recolher a opinião de educadores e professores portugueses em relação às suas perspetivas sobre a carreira e o reconhecimento profissional e sobre as condições de início do novo ano letivo.

Responderam a este inquérito 2154 educadores de infância e professores dos ensinos básico e secundário de todo o país, com uma distribuição geográfica, de género e de idade que têm forte adesão à realidade sociológica dos docentes portugueses: 80,3% de homens, 58,9% com mais de 50 anos de idade. 44,6% dos respondentes trabalham no 3º ciclo do ensino básico e no ensino secundário, 7,3% na Educação Pré-Escolar, 26,1% no 1º ciclo, 17,1% no 2º ciclo.

Ainda no campo da caracterização do público que respondeu a este questionário, 77,8% diz ser sindicalizado, e 63,1% diz que é sindicalizado num sindicato da FNE. É evidente que a interpretação destes números não pode ignorar o facto de a consulta ter sido dinamizada pelos sindicatos da FNE e nos seus espaços mediáticos. De qualquer modo, não deixa de ser relevante o facto de haver respondentes que não pertencem ao espaço FNE.


PERSPETIVAS DE CARREIRA E RECONHECIMENTO SOCIAL

A conclusão que aparece com maior evidência é a de um profundo descontentamento em relação ao estatuto remuneratório, a que se associa uma perspetiva de deceção em relação às expetativas de desenvolvimento da carreira. Com efeito, 96,7% dos participantes declararam expressamente que a sua remuneração não está ao nível das qualificações que lhes são exigidas, e 56,5% afirmam que as suas perspetivas de carreira são dececionantes, a que acrescem 39,7% a dizerem que são pouco atrativas.

De qualquer modo, é de assinalar que, numa escala de 1 a 5 quando se perguntava se gostam da profissão que exercem, uma maioria de 51,3% escolhe a nota máxima, 27,5% atribui a nota 4 e 13,6% escolhem a nota 3, o que dá uma expressiva manifestação de gosto pela profissão que acaba por ser independente da apreciação do estatuto remuneratório em que estão inseridos.

Esta questão é completada por uma outra que procurava saber, também numa escala de 1 a 5, se os participantes se sentem realizados no exercício profissional, 64,2% colocam-se numa perspetiva positiva.

Mas tudo apreciado, talvez não seja de estranhar que 86,4% dos respondentes diga com toda a clareza que não incentivaria um jovem a ser professor.

Finalmente, e neste âmbito, a consulta procurou saber como é que os educadores e professores portugueses percebem o reconhecimento social pela profissão docente, sendo que aqui a soma dos que consideram que é pouco elevado e insuficiente atinge os 86,2% (28,4% num caso e 57,8% no outro).


SISTEMA EDUCATIVO

Esta consulta debruçou-se sobre a imagem que os educadores e professores têm acerca do sistema educativo.

70,1% dos respondentes afirmaram que, na sua perspetiva, a sociedade tem uma imagem negativa da qualidade do sistema educativo português.

Mas, perguntado o mesmo aos próprios respondentes, estes têm uma imagem diferente. 46,8% dizem que é muito bom ou bom, mas 19,1% caracteriza-o como insuficiente.

Os respondentes são depois muito críticos em relação às opções do atual governo em matéria educativa, classificando-as como insuficientes 73,9% dos participantes na consulta, limitando-se a 5& os que a consideram boas ou muito boas.

Como a inclusão tem sido apresentada pelo Governo como uma das pedras de toque das suas opões em matéria educativa, os respondentes a esta consulta são também muito claros só 20% afirmam que o grau de inclusão que o sistema educativo garante é bom ou muito bom; 44,4% dos participantes declara-o insuficiente.


HORÁRIO E CONDIÇÕES DE TRABALHO

Um mês depois de iniciado o novo ano letivo, esta consulta quis conhecer a apreciação que os educadores e professores portugueses fazem sobre a forma como está a decorrer e o grau de cumprimento das normas que está a ser garantido.

74,4% dos respondentes não têm críticas quanto à legalidade dos horários que lhes estão atribuídos, mas é muito expressiva a quantidade dos que criticam a burocracia, o excesso de tempo de permanência na escola e a quantidade de horas letivas atribuídas, a ultrapassagem do número de horas de trabalho com as que estão determinadas no horário, excesso de reuniões obrigatórias.

E, na sequência deste levantamento, é extremamente preocupante que 48,9% dos respondentes diga que nem todas as tarefas que lhes são atribuídas se justificam, e aqui muito claramente é a burocracia e o trabalho administrativo que são identificados.

A maioria doa participantes é muito crítico também em relação à forma como é atribuído o horário e como é feita a distribuição do tempo de serviço, que impede de uma forma clara para muitos as condições para a realização de trabalho colaborativo entre docentes, e que é essencial para a qualidade do trabalho pedagógico. 51,2% diz que não há condições para a realização do trabalho colaborativo.


ESCOLA DIGITAL

Os resultados desta consulta deixam alertas importantes sobre a real concretização de medidas que garantam condições para que o digital possa constituir uma ferramenta de apoio ao trabalho pedagógico.

29,7% dos respondentes diz que ainda não lhe foi atribuído um computador para o presente ano letivo, e 20,3% dizem que as condições de acesso à rede na sua escola são más, e 47,4% diz que são apenas razoáveis.

A FNE deixou uma palavra de agradecimento a todos os que participaram neste questionário e que dessa forma ajudaram na ação que é da nossa responsabilidade de promover um melhor sistema educativo, com profissionais reconhecidos e valorizados.

A FNE considera que estes resultados demonstram bem a insatisfação que atravessa Educadores e Professores de todo o país e espera com estes resultados reforçar junto do Ministério da Educação e do Governo, em geral, a necessidade de encontrar soluções e resolver os problemas identificados, as insuficiências e as fragilidades que advêm de anos anteriores, com o intuito de definir políticas concretas de investimento e de resposta à precariedade, à valorização e rejuvenescimento da condição e profissão docentes, assim como à gestão adequada dos recursos humanos da educação.

 
Consulte aqui o documento completo com os resultados e análise dos dados desta Consulta Nacional







Notícias Relacionadas

CNN - Comentário de Pedro Barreiros ao Programa de Governo

CNN - Comentário de Pedro Barreiros ao Programa de Governo

CNN | Em declarações à CNN Portugal, Pedro Barreiros, Se...

3 Novembro 2022

SPZN celebra 50 anos com conferência que junta os antigos presidentes

SPZN celebra 50 anos com conferência que junta os antigos presidentes

No âmbito das comemorações dos seus 50 anos de existênci...

3 Novembro 2022

Apoio aos Sócios - Concursos 2024

Apoio aos Sócios - Concursos 2024

Concursos 2024: de 10 a 16 de abril No Aviso n.º 6468-A/20...

3 Novembro 2022

A descida dos salários dos Professores

A descida dos salários dos Professores

Com a discussão centrada na reposição do tempo de serviç...

3 Novembro 2022